Avaliação: Chevrolet Spin Activ
O primeiro Chevrolet com visual aventureiro tem poucos concorrentes na categoria
Por Jorge Augusto
Fotos: Marcelo Alexandre
No último Salão do Automóvel de São Paulo, a Chevrolet resolveu inovar e apostar no segmento de carros com visual aventureiro. Aliás, o Spin foi o primeiro produto da Chevrolet a tentar essa proposta visual. O Spin se popularizou dentro da proposta de MPV (Multi Purpose Vehicle). Esse tipo de veículo visa ser polivalente, atendendo necessidades de trabalho, sociais e de lazer. No Brasil, esse segmento não faz tanto sucesso assim. Justamente por isso, existem poucos concorrentes na categoria. De qualquer forma, a Spin conquistou uma ampla fatia “comercial”. Nas grandes cidades é fácil ver o sucesso do modelo entre os taxistas. A explicação é um tanto obvia: ótimo espaço interno, baixo custo de aquisição e despesas de manutenção dentro da média. Agora com o Spin Activ, a Chevrolet quer crescer a venda do modelo entre os usuários finais, que fazem escolhas mais emocionais, do que racionais.
O Spin Activ aposta no visual diferenciado para conquistar o novo cliente. O modelo já é conhecido pelas versões existentes LT e LTZ, e com a opção de 5 e 7 lugares. Já a versão Activ chega disponível apenas com 5 lugares e pela adoção de elementos decorativos na carroceria e interior personalizado. Um dos principais destaques é a colocação do estepe na parte externa do veículo, sobre a tampa do porta-malas. Ainda que a Chevrolet não confirme, o estepe externo talvez seja o responsável pelo veículo só trazer a opção de 5 lugares. Isso porque, em colisões traseiras, o estepe externo pode ser projetado para o interior do veículo. Assim, o fabricante não disponibiliza os últimos dois lugares, para garantir a integridade da segurança de todos a bordo. Essa receita de suprimir os últimos dois lugares, quando existe estepe externo, também é observada no Fiat Doblo Adventure. Enquanto o Doblo normal existe com sete lugares, o Adventure que tem espete externo, tem somente cinco!
Ainda no aspecto visual (e estrutural), o Spin Activ também recebeu mudanças no sistema de suspensão. O carro ficou mais alto (em relação ao solo) e incorpora pneus do tipo “todo terreno”. Especificamente dentro do aspecto visual, a versão Activ traz o para-choque redesenhado, com vincos nas extremidades e aplique na parte inferior em tom fosco escuro. Os faróis de neblina incorporam molduras em preto brilhante e uma peça plástica cinza que lembra um “peito de aço”. Esse visual busca sugerir um tipo “off-road”. Os faróis também trazem máscara negra.
Na lateral, as mudanças ficam por conta das rodas diamantadas de 16 polegadas, molduras de proteção nos para-lamas, soleira das portas e da barra longitudinal que se estendem sobre todo o teto. As capas dos retrovisores externos e os adesivos que cobrem a coluna central são pintados em preto. O para-choque traseiro também foi redesenhado e traz moldura escura com o nome Activ grafado em relevo, e um aplique cinza na parte inferior central, logo embaixo dos sensores de estacionamento. As lanternas têm a superfície interna escurecida e detalhes cromados.
Abertura do porta-malas
Com o estepe foi fixado do lado de fora da tampa, bem no centro do porta-malas, foi preciso modificar a operação de abertura. Por motivo de segurança, a abertura do bagageiro é feita em dois estágios: é preciso destravar o sistema (essa operação pode ser feita pelo controle re moto na chave ou pelo botão instalado no painel do carro) e depois liberar uma alavanca no suporte, que permite movimentar o braço que fixa o pneu sobressalente. Depois, o suporte deve ser deslocado lateralmente até o final do curso de abertura (até travar), para que o compartimento de carga possa ser aberto. A roda do estepe é idêntica às demais e inclui sistema antifurto. Um dos parafusos é montado no lado interno do suporte, e só pode ser acessado após a abertura do braço.
Interior diferenciado
O principal trunfo do Spin Activ é justamente o amplo espaço interno. O veículo transporta até cinco ocupantes com conforto. Além disso, são expressivos 710 litros de espaço disponível para a bagagem (até o teto são 1.021 litros). E como o estepe fica do lado de fora, o compartimento usado para o estepe nas versões normais da Spin, vira um grande porta-objetos sob o assoalho traseiro. Realmente, não dá para reclamar de espaço nessa versão da Spin.
Como já acontecia nas outras versões, a oferta de porta-objetos é realmente ampla. Todas as portas acomodam latas e tem espaço para outros pequenos objetos. O porta-luvas é bastante funcional, pois a tampa abre para cima, sem bater nos joelhos do passageiro. Existe ainda uma prateleira adicional que acomoda carteiras e celulares, logo abaixo da tampa do porta-luvas.
No Spin Activ, a cabine foi personalizada para criar um ambiente mais jovem. A cor dos revestimentos é preta, diferenciando-se do marrom predominante nas demais versões. A nova decoração é extensiva aos bancos, que traz um revestimento especial e desenho que remete ao montanhismo. Como o volante e o cinto de segurança, o assento do moto rista conta com regulagem de altura.
Mudanças mecânicas
O Spin Activ chega já como linha 2015 e incorpora algumas mudanças mecânicas. Nele estreia da transmissão automática de seis marchas de segunda geração (GF6-2), que proporciona trocas de marchas em tempo 50% menor. Essa é basicamente a mesma transmissão que a anterior. Porém, os atuadores eletro-hidráulicos conseguem ser mais ágeis, permitindo trocas mais rápidas entre as marchas. (Existem também a opção de transmissão manual de cinco marchas).
A adoção de rodas maiores elevaram a altura do carro em relação ao solo em 8 mm, ante as demais versões do Spin. A versão Activ vem de fábrica com pneus mais largos e de perfil baixo (205/60 R16). Nas outras versões do Spin, os pneus têm medida 195/65 R15.
Motor e desempenho
Na versão Activ, a Spin continua exatamente com o mesmo moto r das demais versões. Trata-se do já conhecido 1,8 litro – 8 válvulas Econo Flex. A potência máxima no Etanol é de 108 cv (à 5.400 rpm) e na gasolina são 106 cv à 5.600 rpm. O torque máximo é de 17,1 kgfm (etanol) e 16,4 kgfm (gasolina) sempre à 3.200 rpm. Fato que esse não é um moto r potente para movimentar os 1.325 kg do Spin Activ. Portanto, o moto rista precisa ser bastante paciente com o limitado desempenho. A aceleração de 0 à 100 km/h acontece em 12,5 segundos e a velocidade máxima é de 165 km/h (na versão automática). E esses números são com o carro sem carga, contando apenas o moto rista. Com carga, a performance cai ainda mais. Então, tentar fazer ultrapassagens em estradas de serra com pista simples é algo realmente não recomendado, ainda mais transportando a família. Dessa forma a Spin Activ vai bem para quem gosta de viajar tranquilamente, curtindo a paisagem. O desempenho é certamente o ponto fraco do modelo. A título de comparação, um dos principais concorrentes é o Citroen Aircross, que mesmo com um moto r 1,6 litro – 16 válvulas, entrega mais potência que o Spin Activ, com 120 cavalos de potência.
Equipamentos
No centro do painel está o já conhecido sistema multimídia Chevrolet MyLink com tela de sete polegadas e sensível ao toque. O equipamento permite a configuração de algumas funções do veículo de acordo com a preferência do usuário. Entre elas o tempo em que os faróis permanecerão acesos após o travamento do carro ou quais portas devem ser destrancadas quando o botão de acionamento re moto da chave é pressionado.
Mas o MyLink pode fazer muito mais. Essa central está baseada no conceito "Bring Your Own Media" que permite ao usuário trazer suas músicas, fotos, vídeos e aplicativos do celular para o veículo. Trata-se de um sistema multimedia bastante avançado, que rompe com os tradicionais conceitos. Nela, o CD Player foi excluído desse sistema. Ou seja, música apenas por sistemas modernos. Para isso existem conexões tipo USB, entrada auxiliar P2 ou conexão Bluetooth. Na conexão Bluetooth, o sistema suporta o formato áudio estéreo ou viva-voz para o celular.
O MyLink vai de encontro a uma nova realidade onde a maioria das pessoas utilizam seu próprio Smartphone para transportar suas músicas. Mas que isso, o sistema MyLink permite ainda a reprodução de filmes e fotos direto na tela, desde que armazenados no Pen-Drive. Porém, isso só pode ser feito com o carro parado. O MyLink tem uma interface amigável. Praticamente tudo é acessado através da tela LCD touch screen de sete polegadas. Por meio dela é possível controlar algumas configurações do carro como avisos sonoros de faróis ligados, acionamento do limpador traseiro, travamento automático das portas, entre outros.
O MyLink ainda vai além com a possibilidade da instalação de softwares adicionais que se conectam com o smartphone (seja plataforma Android ou IOS da Apple), e que utilizam a conexão de dados através da conexão Bluetooth. Fica a ressalva que esses softwares precisam ser adquiridos pelo cliente e seu funcionamento depende da disponibilidade de rede celular e pacote de dados no smartphone do cliente. Ele traz os aplicativos TuneIn e o BringGo. Com o primeiro, é possível que os usuários sintonizem mais de 70 mil estações de rádio em todo o mundo, via a internet do celular. O aplicativo permite a pesquisa das estações por nome, localidade, idioma, país, estilo musical ou categoria (música, esporte, notícias, etc.). Já o BringGo fornece ao moto rista um sistema de navegação completo com mapas 3D. O aplicativo também inclui pontos de interesse, como, por exemplo, restaurantes, hotéis, postos de gasolina, entre outros. O software de GPS da BringGo custa certa de US$ 50 e precisa ser instalado no smartphone.
Também é possível fazer ligações telefônicas via Bluetooth por meio da tecnologia HFT (Hands Free Telephone). De forma complementar o MyLink permite a importação de informações do celular como, agenda de contatos e histórico de chamadas. Através da tela touch-screen, o usuário pode realizar chamadas e escutar músicas do celular, tudo pela interface Bluetooth. E claro, a central também conta com as funções de rádio AM/FM. Através da porta USB, o usuário pode utilizar pen-drives com arquivos no formato MP3 e WMA.
O MyLink é de série assim como o ar-condicionado, a direção hidráulica, os retrovisores e os vidros elétricos que agora são erguidos automaticamente assim que o usuário trava as portas pelo controle re moto . Uma novidade é que o carro passa a contar a função de subida automática dos vidros quando o carro é trancado pelo controle da chave. Outro equipamento é o controle de cruzeiro, que está presente na versão com câmbio automático.
Dirigibilidade
O Spin Activ se mostra valente na hora de superar os obstáculos urbanos. Ele não passa por dificuldades ao atravessar lombadas, valetas e buracos. Aliás, chega até a surpreender. A suspensão é bastante resistente e o conjunto consistente. A posição do moto rista é boa. Existem ajustes de altura do banco, volante e cinto de segurança. Faltou, entretanto, o ajuste de profundidade do volante (que seria um conforto a mais). Se o cliente não estiver esperando “elevada performance” do Spin Activ, certamente vai ficar satisfeito com o modelo no uso urbano e corriqueiro. É indiscutível a vocação familiar do produto.
Preço, cores e mercado
Uma peculiaridade da versão Activ é opção de cor Branco Vintage, que, apesar de ser sólida, lembra um tom perolizado. Os metálicos Azul Macaw, Cinza Aztec, Prata Switchblade e Preto Carbon completam a lista. A Chevrolet oferece 3 anos de garantia para o Spin. O Spin Activ chega por R$ 62.060 na versão manual e R$ 65.860 na versão automática. A nova versão Activ responderá por 20% do mix da família Spin. Os principais concorrentes da Spin Activ são: Citroën Aircross, Fiat Idea Adventure, Fiat Doblo Adventure e Nissan Livina X-Gear (esta última está deixando de ser fabricada).
Revista Comprecar
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