Avaliação: Toyota Hilux SW4
Um SUV de verdade, pra quem precisa chegar em lugares difíceis
Por Jorge Augusto
Fotos: Marcelo Alexandre
Talvez o termo mais distorcido, e usado de forma incorreta, da indústria automobilística atual seja exatamente o “SUV”. O veículo utilitário esportivo (conhecido também como Sport Utility Vehicle), nasceu da junção das caminhonetes de médio porte, com a estrutura fechada de uma perua. Mas o que realmente define um SUV autêntico é justamente a elevada capacidade de rodar em terrenos fora de estrada. É daí que vem a parte “Utility” do nome. Portanto, um SUV de verdade precisa ter tração 4x4, com caixa de redução. Sem isso, o carro não passa de uma perua “altinha” metida a besta. E nessa avaliação trazemos um dos verdadeiros exemplos de SUV de verdade, que rodam no Brasil: a icônica Toyota Hilux SW4 SRV.
SUV de verdade
Virou moda no Brasil, batizar de SUV qualquer veículo que tenha porte avantajado. Certamente, algum despreparado (ou mal intencionado) executivo do departamento de MKT de alguma montadora, achou legal usar o nome SUV pra batizar aquele novo veículo de aparência grande, que atola na primeira poçinha d´água. É muito difícil identificar o primeiro “culpado” da bagunça que ai está. Mas, certamente, o maior culpado disso foi o EcoSport da Ford. O carro que não passa de um “Fiesta levantado”, e que quase desmonta na primeira passagem em uma grande lombada com velocidade alta, ou atola em qualquer gramado molhado, é amplamente caracterizado como um SUV, pelo seu fabricante. E nessa esteira de equívocos, uma enorme gama de montadoras resolveu “enganar” o cliente batizando de SUV, o que na melhor das hipóteses é um Crossover (termo usado para descrever essas peruinhas semi-anabolizadas).
No Brasil, a portaria nº 127 de 17 de dezembro de 2008, estabelece um procedimento adicional para definir um modelo como utilitário ou jipe, que pode receber um moto r à diesel. O Artigo 1º. Define que um veículo de espécie misto/utilitário/ jipe, equipados com moto r diesel, devem possuir:
a) caixa de mudança múltipla e redutor;
b) tração nas quatro rodas;
c) guincho ou local apropriado para recebê-lo;
d) altura livre do solo mínima sob os eixos dianteiro e traseiro de 18 cm;
e) altura livre do solo mínima entre os eixos de 20 cm;
f) ângulo de entrada mínimo de 25°;
g) ângulo de saída mínimo de 20°;
h) ângulo de rampa mínimo de 20°
Pois bem, a Toyota Hilux SW4 é um veículo que cumpre, e excede, diversos desses parâmetros. Portanto, estamos falando de um SUV “de verdade”.
Alta capacidade no fora de estrada
A Hilux SW4, em muitos casos, é a referência da categoria. Historicamente, ela figura entre os modelos mais vendidos, frente a seus concorrentes diretos. Pesando 2.020 kg e com comprimento de 4,7 metros, esse é um veículo pronto para a aventura. Sua altura em relação ao solo é de 22 cm. O ângulo de ataque é de 30°, enquanto o ângulo de saída é de 25°. A Toyota no Brasil faz mistério sobre o ângulo de rampa da SW4. Mas em literaturas internacionais é informado um ângulo de rampa superior à 25°. E a Inclinação lateral máxima é de 44°.
Acoplamento manual de 4x4
Outro ponto fundamental para a mobilidade no fora de estrada, é o tipo de tração que o carro oferece. No caso da SW4, o veículo usa normalmente tração 4x2 traseira. De forma complementar existe o 4x4, com acionamento mecânico através de alavanca no assoalho. Diferente muitos outros veículos com tração 4x4, a Toyota é extremamente conservadora no método de acionamento da tração. Dispensando os sistemas elétricos e eletrônicos, a Toyota prefere oferecer um modo mecânico, e 100% seguro, para o acoplamento da tração 4x4. Talvez não seja muito confortável, mas é sempre garantido. E para aqueles que fazem críticas ao sistema manual, pergunte à um jipeiro de verdade, qual o motivo do acionamento manual ser melhor. Certamente ele terá uma resposta na ponta da língua! Essa alavanca também faz o acionamento da marcha reduzida. No caso da SW4, o sistema de bloqueio da roda livre é automático.
Como funciona o 4x4
A topologia do sistema de tração utiliza um diferencial central do tipo Torsen com bloqueio. Assim, quando a tração 4x4 é acoplada, a força do moto r é distribuída igualmente em 50% para cada eixo. E para garantir o máximo de tração, o diferencial do eixo traseiro é do usa o sistema de escorregamento limitado, por ação mecânica. Assim, se um das rodas traseiras começar a patinar por falta de tração, o diferencial vai transferir o torque para o outro lado, que tem maior tração.
Além dos sistemas mecânicos, a SW4 ainda conta com o VSC (controle eletrônico de estabilidade). O VSC permite ao sistema de freio do veículo atuar isoladamente apenas na roda que está girando demais, afim de manter a tração e estabilidade no veículo. Por fim, a SW4 ainda conta com o TRC (controle eletrônico de tração). Esse evita que o moto r entregue potência demais nas rodas, em pisos de baixa aderência. Na prática, esse último só atua no modo 4x2. Dificilmente ele entre em operação quando o veículo está com o 4x4 ligado.
Motor e câmbio
Para garantir performance no fora de estrada, a SW4 precisa de um conjunto propulsor igualmente confiável e forte. Assim, ela vem equipada com um moto r turbo-diesel D-4D de 3.0 litros - 16V turbo. Além do intercooler, a SW4 conta com turbo com geometria variável. Esse moto r traz sistema de injeção direta de combustível tipo “Common Rail”. Esse moto r conta com sistema de controle de emissões com funcionamento cíclico fechado, que ajusta a injeção de combustível eletronicamente, favorecendo a redução das emissões de poluentes, por meio da queima completa do combustível antes da sua liberação no escapamento. O sistema ajusta automaticamente a quantidade e o momento da injeção do combustível na câmara de combustão. Cada injetor de combustível é equipado com um sensor que comunica a pressão do combustível injetado para o computador que gerencia o moto r.
A potência máxima não é tão alta assim. São 171 cavalos de potência máxima à 3.600 RPM. Mas o que realmente importa num veículo com habilidades no fora de estrada, é o torque. E esse moto r entrega torque máximo de 36,7 kgfm entre 1.400 à 3.200 RPM. Isso sim é muito importante, pois logo acima da marcha lenta, o moto r está pronto para entregar toda sua força nas rodas. Considerando que a Hilux também precisa ter uma utilidade e conforto no uso cotidiano, ela vem equipada com um câmbio automático de 5 marchas.
Desempenho
Se no fora de estrada, o modelo faz bem feito, na estrada a SW4 é apenas mediana. Sua velocidade máxima é de apenas 167 km/h. E a aceleração de 0 à 100 km/h acontece em 11,8 segundos. Tais marcas são superadas por alguns concorrentes diretos, com a Trailblazer da Chevrolet, por exemplo. Ainda sim a SW4 reserva uma outra vantagem: é econômica. Na estrada, o modelo consegue chegar até 13 km/l. E com um tanque de incríveis 80 litros, autonomia não é um problema para a SW4. São mais de 1.000 km com um único tanque, se dirigida de forma suave, na estrada!
Interior
A Hilux SW4 é um modelo com interior bastante amplo. Aliás, o modelo é certificado para transportar até sete pessoas. Um porém no projeto do carro é como funcionado o espaço para os dois passageiros da última fileira. São usados bancos que dobram para o lado e para cima. A solução é bem pouco prática, além de exigir muita força. Uma mulher terá grande dificuldade em executar essa manobra nos dois últimos bancos traseiros. Além disso, os bancos ficam ocupando um grande espaço no compartimento de bagagens (na parte superior) quando estão dobrados. Por isso, o espaço é de apenas 180 litros. Essa á uma melhoria que a Toyota precisa pensar rapidamente em promover na SW4. Concorrentes como a Chevrolet Trailblazer e Land Rover Discovery 4 usam sistemas de bancos dobráveis que se escondem no assoalho, quando rebatidos.
Para quem viaja nos bancos da frente, a SW4 é bastante confortável. O ar-condicionado é automático traz display display digital. O banco do moto rista traz ajuste elétrico (distância, inclinação e altura). O volante oferece apenas ajuste de altura. Existe ainda um prático console entre os bancos dianteiros com porta-copos, porta-objetos e descansa-braços. O interior é forrado em couro claro bege, incluindo bancos, volante, manopla de câmbio e laterais das portas. O banco da segunda fileira conta com inclinação do encosto, bastante útil para aumentar o conforto em longas viagens.
E tanto na segunda e na terceira fileira, existem saídas do ar-condicionado pelo teto. Isso realmente ajuda na climatização do interior. Esse sistema de ar-condicionado traseiro independente traz difusores no teto, e o controle de intensidade fica no teto, sobre a segunda fileira de bancos.
Equipamentos
A Hilux SW4 SRV vem de fábrica com um bom pacote de equipamentos. Aliás, tudo é de série. Não existem opcionais na Hilux SW4 SRV. Pra começar, existe um completo computador de bordo com 7 funções: (temperatura externa, consumo médio de combustível, consumo instantâneo de combustível, velocidade média do veículo, tempo de condução, autonomia, bússola).
Faz parte do pacote rádio com CD Player compatível com MP3. Traz ainda entrada tipo P2 e USB. A tela de 6,1 polegadas é sensível ao toque e oferece sistema de navegação por GPS. Essa central incorpora também câmera de ré, com exibição nessa tela. Aliás, essa central é bastante completa, com diversos recursos interessantes. Suporta conexões de telefonia via bluetooth com microfone localizado no console do teto. O GPS, por exemplo, pode exibir uma tela dividida com uma imagem em ZOOM em modo 2D, e outra em 3D mais distante. Também pode deixar o trajeto realizado com um tracejado. Fica fácil voltar pelo caminho que foi feito na vinda. Além do Navegador (GPS), inclui também TV Digital e leitor de DVD. Esse leitor agrega mais conveniência pois inclui função para escolha de idioma, de legendas, de ângulos e tamanhos de imagem, de reprodução em câmera lenta e leitura de arquivos de fotos. Importante ressaltar que tanto a TV quanto o DVD possuem a opção de bloqueio parental, que evita crianças a assistirem conteúdos impróprios para sua idade. Essa seria uma central super eficiente, se não fosse à falta de um processador mais rápido e um sistema touch mais preciso.
Ainda faz parte do pacote retrovisores externos rebatíveis por controle interno com indicação de direção e o retrovisor interno eletrocrômico. O volante vem com os comandos integrados de telefone, áudio e um botão exclusivo para acesso ao computador de bordo. Fecha o pacote os farol baixo do tipo xenon com regulagem automática de altura e lavador (o farol alto usa lâmpada convencional), sistema de acendimento automático dos faróis e controle de velocidade de cruzeiro.
Conclusão
A Toyota Hilux SW4 é um produto para um cliente muito específico. Ela só faz sentido para quem realmente fará uso intenso das funções de 4x4 do veículo. Tudo nela remete para uma situação de uso extremo. Até mesmo a escolha de suas rodas e sistema de freios sugerem isso. A SW4 vem com rodas de liga leve de 17 polegadas, com pneus 265/65. E os freios traseiros são do tipo tambor. Essas são características para maior eficiência no fora de estrada, pois o aro menor permite maior absorção de impactos, enquanto o tambor blindado, mantém sua eficiência em submersão e baixa velocidade. Alguns concorrentes estão melhor adaptados para o asfalto, pois vem com rodas aro 18 polegadas e freios à disco na traseira, como a Trailblazer. Na cidade, ou uso rodoviário, a SW4 é apenas um produto mediano, sem nenhuma característica que se destaque muito. O preço sugerido para a Hilux SW4 SRV sete lugares é de R$ 189,6 mil. A concessionária Toyota Ramires Motors, de Sorocaba, esta oferecendo a Hilux SW4 versão sete lugares à diesel, com TAXA ZERO e bônus de R$ 10 mil.
Algumas novidades na linha 2015
A Toyota anunciou no Salão do Automóvel algumas melhorias na linha 2015 da SW4. Criada sobre a versão SR Flexfuel de 5 lugares da SW4, a Toyota apresentou também a SW4 SR Flexfuel com 7 lugares. Agora, a linha SW4 Diesel e Flexfuel conta com seis versões. Outra novidade é a versão topo de linha SRV Diesel com 7 lugares, que agora oferece a opção de acabamento interno na cor preta, além da bege. As vendas dessas versões já foram iniciadas.
Hilux Limited Edition
Outra interessante opção apresentada no Salão do Automóvel é a picape Hilux na inédita versão Limited Edition. Essa versão terá a produção limitada a 3.000 unidades, e chega custando R$ 155 mil. Essa versão usa como base a Hilux SRV Top Diesel 4x4. Como diferenciais, a Limited Edition acrescenta proteção plástica do para-choque dianteiro, rodas aro 17 na cor preta fosca, adesivos nas laterais da carroceria, santoantônio e capota marítima de lona. No interior, a versão possui ainda jogo de tapetes exclusivos e soleira cromada. A picape vem equipada exatamente com o mesmo moto r, câmbio e tração da Hilux SW4. Também oferece o controle de tração e estabilidade, faróis de neblina, banco do moto rista com ajustes elétricos, controlador de velocidade, além de sistema multimídia com TV digital, GPS e câmera de ré integrada. Essa versão Limited Edition da picape é ideal para quem busca a mesma sofisticação e tecnologia da Hilux SW4, porém precisa de uma caçamba para cargas. Essa versão limitada pode ser adquirida também com TAXA ZERO, sendo entrada mais saldo em 24 meses e bônus R$ 5.650, na Toyota Ramires Motors, em Sorocaba.
Mais informações dos modelos em: moto rs.com.br]www.ramires moto rs.com.br
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